A relação de Paulo Câncio com a literatura nasceu do prazer pela leitura, mas ganhou contornos mais profundos durante um período inesperado de sua vida. Foi enquanto se recuperava de uma cirurgia de ouvido que, diante do tempo livre e da necessidade de refletir, Paulo encontrou na escrita uma companhia constante. A pausa forçada permitiu que contos começassem a brotar, marcando de vez o início de sua trajetória como escritor.
Ao longo desse percurso, autores marcantes como Machado de Assis e Richard Bach deixaram impressões fortes em seu imaginário e estilo. Desses nomes, Paulo extraía inspiração e, após o período de convalescença, percebeu que possuía uma coletânea significativa de contos. Assim, nasceu o seu primeiro livro, “Momentos da Vida”, fruto não só de suas experiências, mas também do desejo de compartilhar reflexões importantes.
Sua inquietação criativa, entretanto, não parou por aí. Inspirado pelo personagem Jack Dawson, do filme Titanic, e motivado por releituras como Pollyanna e referências em obras como “Otimista incorrigível”, de Michael J., ele se dedicou ao livro “Trajetória de Aventureiro”. A busca pela compreensão da felicidade e filosofias sobre o tema, inclusive colhidas no livro “Vidas de Grandes Filósofos”, ajudou a amadurecer um protagonista que cresce internamente para transformar, como reflexo, o mundo ao seu redor.
Apesar da satisfação pessoal, Paulo encontrou desafios no caminho da escrita e publicação. A falta de conhecimento sobre o mercado editorial foi, inicialmente, um obstáculo. Segundo ele, compreender esse universo complexo e aprender a divulgar suas próprias obras exigiu superação, tornando-se um processo de constante aprendizado.
O Nordeste, com toda sua vitalidade, sempre serviu como fonte de inspiração para Paulo. O calor humano que encontra nas viagens pela região alimenta sua criatividade e lhe dá sentido para escrever. Em “Momentos da Vida”, por exemplo, os contos surgem a partir de mensagens, frases que ouviu em filmes ou reflexões sobre temas diversos. Enquanto na primeira edição as histórias aparecem soltas, na segunda, estão organizadas por temas, seguidas de perguntas para incentivar ainda mais a reflexão do leitor.
Além do trabalho individual, Paulo reconhece o valor da coletividade. Seu envolvimento com o jornal Danado de Bom, a participação em grupos de escritores espiritualizados e em revistas colaborativas como o Literato Dente de Leão, bem como a presença recorrente em saraus – entre eles o Sarau Premar, Sopro Sarau, Sarau da Arca e Nosso Sarau – proporcionam encontros que mantêm sua criatividade viva. Ele acredita que, embora a escrita seja solitária, o contato com o público e outros autores é fundamental para renovar ideias e estímulos.
Em suas obras, o objetivo é claro: ele deseja provocar reflexão, incentivando o leitor a buscar ser uma pessoa melhor. Paulo considera que, apesar de todo o avanço tecnológico, o mundo ainda enfrenta muitos problemas e, por isso, aposta na literatura como sua contribuição para uma sociedade melhor.
Quanto ao seu processo criativo, Paulo preza pelo silêncio e organização. Costuma mapear o que quer escrever e, principalmente em poemas recentes, pesquisa temas antes de começar. Escrever diariamente, para ele, é essencial, ativando a “área cerebral do escritor” e trazendo fluidez à criatividade.
Como conselho para quem deseja iniciar na escrita, ele recomenda disciplina e referência: escrever todos os dias e procurar entender as nuances do mercado literário antes de buscar a publicação. Sobre o futuro da literatura brasileira, Paulo mantém o otimismo. Reconhecendo que há muita produção de qualidade, ele espera que a divulgação dessas obras cresça cada vez mais, tornando o acesso à boa literatura mais democrático.
Entre projetos futuros, já vislumbra um novo livro de poesias e a produção de esquetes teatrais. Seus leitores podem encontrar suas obras na Livraria Online do Danado de Bom, Amazon, nas Livrarias LDM e Escariz, em Salvador, além de acompanharem novidades e reflexões em seu Instagram, @paulocanciodesouza